sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

De Cabeça Quente com Gelo

O que posso fazer? O que posso dizer? Gosto de cultura e isso é assim desde criança quando minha mãe me levava para dormir nas poltronas do Cine Teatro Recreio, tentava assistir os ensaios que ela fazia com o grupo ADSABA, perdia as forças e era derrotado pelo sono, jogava meu corpo pequeno e franzino no meio das poltronas, caia na viagem... E dormia melhor por que era um sono cultural.
Isto estava no sangue e aquilo me dominou, cheguei e disse que queria fazer parte de tudo aquilo, queria fazer parte do grupo, queria fazer teatro. O diretor do grupo que era Betho Rocha e os demais integrantes aceitaram minha participação, pouco tempo depois pisava no palco pela primeira vez, no ano de 1990. Foi então que comecei minha trilha árdua, prazerosa, desgastante e em alguns momentos decepcionantes como o de ontem.
Fui indicado para compor a mesa no primeiro fórum setorial do CMPC do ano, aceitei a indicação com um pensamento de que poderia ajudar, não sou político, não fico de cara dentro de leis disso ou daquilo, nem fico me engalvinhando com pessoas amigas por causa de dinheiro (Quer ficar com o dinheiro? Fica!), fazendo acusações por causa de um poder, que poder?
Amo o teatro, como amo também a cultura popular, a música que me conforta em momentos de dor e o esporte que já me deu conquistas (Joguei no Independência nos anos de 2002 e 2003), é todos ali sentandos com sues crachás a espera de um começo.
Logo percebi que quando se trata de dinheiro, ninguém tem amigo e sim alianças para conseguir seus objetivos em nome de um coletivo. É isso mesmo! Percebi que pessoas usam o nome do coletivo para alcançara metas pessoais, triste, muito triste.
Mas pulemos essa parte e vamos falar de cultura! Como gosto de assistir a menina com um sorriso no rosto dançando quadrilha junina, como gosto saber que nossa história está bem cuidada, como gosto de olhar aquela pessoa que saiu da criminalidade com ajuda do esporte, como gosto de sentar e assistir uma peça teatral, como gosto de tudo isso.
Como não gosto de assistir pessoas amigas se ofendendo por causas no mínimo chulas, como não gosto de ver aqueles que gosto tanto se portando como crianças chorando pelo doce perdido ou por coisas que não ouviu direito por está no cafezinho, comendo aquela torrada (que por sinal é uma delícia), essas pessoas esqueceram do teatro, cultura popular, do esporte e pensam no dinheiro que vai cair no bolso, quanto mais melhor!
Claro que vão dizer que sem dinheiro não se faz nada e até certo ponto concordo, mas precisa se matar? Ai como o dinheiro cega.
Temos que ter cuidado para que no meio dessa cegueira não se acabe "matando" os amigos.
"O que será que me dá?
Que boli por dentro
Que brota a flor da pela... Que não tem limite" (Chico Buarque)
Vou indo ler um livro sobre teatro, assistir aquela menina dançar, assistir a história acontecer, chutar um bolinha quem sabe e tentar conservar os amigos.

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